terça-feira, 20 de maio de 2014

Carta aos docentes

Caríssimos colegas docentes,

Estamos em pleno processo eleitoral, discutindo e apresentando projetos distintos para nossa Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Resumidamente, pretendemos apresentar neste texto nossas propostas direcionadas aos docentes.

Primeiramente, destacamos que dependemos, enquanto docentes, da UFTM para o pleno desenvolvimento de nossas carreiras acadêmicas. O processo de expansão alavancado pelo REUNI trouxe para nossa universidade um grande número de jovens e talentosos professores, com formações diversas e de áreas do conhecimento igualmente diversificadas.

Longe de observar esta característica como problemática, acreditamos que em nossa diversidade encontra-se o principal fiador de nosso futuro acadêmico e institucional. Toda grande universidade no mundo apresenta uma enorme heterogeneidade em suas áreas de conhecimento científico, propriedade fundamental na constituição de instituições universitárias de excelência. Esta variedade nas áreas, tradicionalmente classificadas em Exatas, Biológicas e Humanas, funciona como um ente fertilizador e indutor de novas e criativas pesquisas. Tal comunidade acadêmica complexa possibilita uma visão mais ampla e holística para seus docentes-pesquisadores, traço de originalidade que as universidades mais qualificadas nos rankings internacionais apresentam. Além desta abertura de horizontes, uma universidade forte em muitas áreas do conhecimento consegue legitimar com maior propriedade suas demandas frente à sociedade, ampliando sua visibilidade (já que responde por muitas demandas científicas), seu reconhecimento e suas possibilidades de conquistar recursos, seja em agências de fomento de pesquisas públicas, seja em acordos estabelecidos com empresas e instituições privadas e estatais.

O que visualizamos e sentimos hoje em nossa UFTM é uma relação confusa entre a gestão universitária e os seus docentes. Além dos memorandos enviados que não são respondidos, lidamos cotidianamente com uma precariedade de espaços, de estrutura tecnológica (do telefone ao acesso à internet) e de ausência de critérios claros, o que desestimula e deprime os docentes. Tais falhas são claramente resultantes de um planejamento institucional inadequado e de uma gestão ineficiente que discrimina áreas e que não consegue enxergar os elementos positivos que um verdadeiro reconhecimento de nossa diversidade traria para nossa instituição. Faltaram e faltam inteligência e generosidade nas decisões tomadas. Inteligência em considerar os ganhos que a valorização de todas as áreas do conhecimento traz para uma universidade; generosidade em compreender que os novos cursos e departamentos necessitam de atenção especial para responder ao que esperamos de uma grande UFTM.

Infelizmente, muitos de nossos colegas docentes desistiram de nossa instituição, por não encontrarem aqui nenhum estímulo e garantia para desenvolverem suas carreiras. Queremos oportunidades, e não assistencialismo ou privilégios! Tratados como “estrangeiros”, “novatos” e “filhos adotivos”, estamos perdendo uma rica geração de jovens e talentosos docentes que levam suas pesquisas para outras instituições por não obterem espaço e apoio de nossos atuais gestores. Assim, a UFTM se transforma em uma espécie de “sala de espera” ou lugar preparatório para concursos abertos em universidade que respeitam a diversidade do conhecimento e o potencial de seus professores, o maior patrimônio acadêmico de uma instituição de ensino e pesquisa. Estamos perdendo talentos! Temos que reverter esta orientação equivocada e converter nossa grande UFTM em um lugar atrativo e propício para o desenvolvimento da boa ciência.

Nossa chapa UFTM SOMOS TODOS NÓS respondeu, com muita atenção, a este apelo. Construímos diagnósticos e propostas de soluções de forma coletiva, colhendo contribuições e experiências em nossa diversidade de formações e atividades profissionais. Docentes, técnicos e discentes de todos os institutos e áreas do conhecimento foram ouvidos e respeitados no processo de formatação de nossas propostas. Simbolicamente, escolhemos a palavra DIVERSIDADE como um de nossos quatro eixos institucionais (Democracia, Transparência, Descentralização e Diversidade), e marcamos com três mãos nosso desejo de unir e apertar, como em um abraço, as três grandes áreas do conhecimento (Exatas, Biológicas e Humanas). Esta ação coletiva possibilitou conversas entre docentes formados em muitas universidades, como a UFTM/FMTM, UNIUBE, UFMG, UFV, USP, UNICAMP, UFU, UFOP, UnB, UFPE, UNESP, UFSC, UFRJ, UFF, UFMT, entre outras instituições de prestígio. Além da variada formação acadêmica do grupo que produziu nossas propostas, devemos considerar as experiências profissionais presentes, o que aumentou nossa capacidade de reconhecer bons e maus exemplos e caminhos a serem seguidos. Em síntese, nossas propostas não são vazias e retóricas: elas nasceram de experiências concretas vivenciadas por nosso diverso corpo docente!

Vamos normatizar e incentivar a contínua qualificação docente. Precisamos prestigiar a CPPD (Comissão Permanente de Pessoal Docente), discutindo e estabelecendo os critérios dos afastamentos para doutoramento e pós-doutorado. Tais critérios inexistem hoje na UFTM. Entendemos que, além da CPPD, os Institutos precisam participar ativamente deste debate. Defendemos que nossos docentes se sintam motivados e amparados pela instituição na construção de suas carreiras acadêmicas. Independente da área do conhecimento, todos nós ganhamos com isto.

Precisamos redimensionar o número de alunos por turma, em especial das disciplinas básicas. Defendemos critérios institucionais que garantam a qualidade e dignidade do ensino, experiência presente em outras instituições. Trata-se de um problema sério que vamos enfrentar estudando outros experimentos e ouvindo nossa comunidade.

Necessitamos de uma regulamentação de nossa jornada de trabalho, ação que reflita nossas atividades de ensino, pesquisa, extensão e gestão administrativa. Novamente aqui tal discussão é inexistente. Outras universidades avançaram neste caminho e acreditamos que este problema precisa ser formalmente discutido. Esta é outra proposta de nossa chapa.

Sentimos falta de órgãos de apoio ao desenvolvimento de projetos e de captação de recursos, operações que devem ser facilitadas e estimuladas pela Pró-reitoria de Pesquisa. Não se trata apenas da divulgação de editais e processos, mas do estudo estratégico das áreas da UFTM e do planejamento de iniciativas permanentes para a atração de recursos públicos e privados destinados à pesquisa e ao ensino. Novamente, defendemos que nossa diversidade deve ser valorizada como um fator de ampliação de nossas capacidades de coletar e desenvolver projetos. A FUNEPU deve ser reorientada neste sentido.

Também defendemos que a Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação se converta em um órgão indutor do desenvolvimento de programas de pós-graduação na UFTM. Esta deve ser a sua principal missão: trabalhar junto aos cursos e departamentos científicos na transformação de nossa universidade em um centro qualificado e diversificado de mestrados e doutorados. Seu Pró-reitor deve trabalhar juntos aos colegiados dos Institutos na promoção da pesquisa, saindo do gabinete e fazendo-se presente perante seus docentes.

Vamos agir com transparência e respeito às áreas de conhecimento na divisão de recursos e espaços para pesquisa. Propomos um reconhecimento das grandes áreas científicas, como trabalha a CAPES, institucionalizando Câmaras de Assessoramento (denominação utilizada pela FAPEMIG) ou Coordenações de Áreas (denominação utilizada pela FAPESP) que funcionem como comissões compostas por reconhecidos especialistas (internos e externos) com a responsabilidade de coordenar os processos de análise, julgamento, assessoramento e recomendação de pleitos apresentados (bolsas, recursos, projetos de pesquisa). Trata-se de um procedimento utilizado pelas principais agências de fomento de pesquisa brasileiras e universidades nacionais e internacionais. As grandes áreas do conhecimento serão avaliadas respeitando suas peculiaridades, e não através de uma régua única que privilegia poucos em detrimento de muitos jovens e talentosos docentes-pesquisadores. Defendemos critérios para uma competição acadêmica honesta. Esta formatação inexiste em nossa UFTM.

Defendemos a efetivação de uma Comissão de Biblioteca, ação que a atual gestão não conseguiu concretizar. Ela se faz necessária para discutir, dentro da diversidade acadêmica, os processos de aquisição, doação, permuta, desbaste e descarte do acervo. Tal Comissão, comum e essencial em todas as grandes universidades do mundo, é fundamental para traçar o perfil de nossa Biblioteca, projetando-a para nosso futuro. Vamos valorizar o trabalho dos técnicos e das bibliotecárias, estimulando qualificações. Vamos priorizar a assinatura de periódicos científicos digitais, uma tendência internacional, observando a diversidade das áreas de conhecimento.

Propomos a criação de uma Biblioteca Digital de Produção Intelectual que funcione como um sistema de gestão e disseminação da produção científica, acadêmica, técnica e artística gerada pelas pesquisas desenvolvidas na UFTM e pelos pesquisadores relacionados com nossa instituição. Através desta ferramenta comum em grandes universidades, podemos nos reconhecer – e nos orgulhar! – em nossa diversidade científica e divulgar o que estamos produzindo. Neste sentido também vamos reorientar a Editora da UFTM, valorizando-a e finalmente convertendo-a em uma editora universitária forte.

Nossas propostas foram construídas coletivamente, observando as diferenças de formações, de experiências profissionais e de áreas do conhecimento. Acreditamos na UFTM. Acreditamos que podemos fazer diferente e melhor.

Por uma UFTM que valorize seus docentes e que estimule suas carreiras!

Chapa 1 – UFTM SOMOS TODOS NÓS
Fábio Reitor e Laura Vice-reitora.

Uberaba, 12 de maio de 2014.

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