terça-feira, 20 de maio de 2014

Da FMTM à UFTM – Uma transição incompleta mas necessária

Wagner da Silva Teixeira
Coordenador do Curso de História (UFTM)

Amanhã a Universidade Federal do Triângulo Mineiro escolherá seu próximo reitor. Pela primeira vez em sua história, iniciada com a criação da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro em 1953, seu dirigente máximo não será um médico. Algo de um simbolismo muito forte, em se tratando de uma instituição de ensino superior federal com mais de sessenta anos e que surgiu a partir do curso de Medicina. O grande desafio da próxima gestão será a de consolidar a UFTM como uma universidade, conseguir efetivamente realizar a transição da FMTM à UFTM.

Este processo teve início no contexto de expansão das universidades federais, colocada em prática a partir do primeiro governo Lula, em 2005. Até então, a FMTM oferecia três cursos voltados para a área da saúde (Medicina, Enfermagem e Biomedicina). Em 2006 foram abertos mais três cursos da área de saúde (Fisioterapia, Nutrição e Terapia Ocupacional) e os primeiros fora desta área (Letras e Psicologia). Encerrava-se ali um ciclo, o da FMTM e iniciava-se ali um outro, o da UFTM.

A implantação do Reuni (Plano de Reestruturação e Expansão das  Universidades Federais) e a adesão da UFTM ao plano, permitiu a continuidade do processo de crescimento da universidade. No primeiro semestre de 2009 foram abertos os cursos de licenciatura (Ciências Biológicas, Física, Geografia, História, Matemática e Química) e os bacharelados em Serviço Social e Educação Física. Em 2010 foram implantados os cursos de Engenharia (Alimentos, Ambiental, Civil, Elétrica, Mecânica, Produção e Química).

Todo este processo de crescimento; que pode efetivamente ser demonstrado em gráficos e tabelas que apresentam o aumento do número de cursos, de professores, de alunos e de servidores técnico-administrativos; não foi precedido, nem acompanhado de um planejamento  que pensasse como cada curso seria implementado. Como a nova universidade deveria crescer de forma a garantir a todos os cursos, mais antigos, recentes e recém criados um desenvolvimento mais equânime. Não adianta argumentar que tudo foi muito rápido. De 2005 para cá são quase uma década. Tempo suficiente para pensar, planejar e implementar com mais cuidado o processo de expansão da universidade. Existem na UFTM vários problemas, a ausência de um modelo de gestão para a universidade, a inoperância de algumas pró-reitorias e a falta de autonomia dos institutos são alguns dos principais.

A falta de um modelo de gestão é o mais urgente, para se conseguir alguma coisa, qualquer coisa, o único caminho é pedir diretamente ao reitor, não adianta conversar com Pró-reitores, não adianta enviar memorandos, não adianta procurar os diretores de instituto. A centralização das decisões, das verbas e do funcionamento da universidade são as únicas formas utilizadas pela atual gestão. Talvez isso funcionasse na antiga FMTM, afinal eram apenas três cursos, uma estrutura burocrática menor. Mas mesmo para ela essa prática era danosa. Sabemos hoje que muitas vozes dissonantes tentaram modificar o funcionamento da antiga Faculdade de Medicina. Sua história foi muito marcada por inúmeros conflitos, disputas e crises políticas.

Outro problema sério nos últimos anos foi a inoperância de algumas Pró-Reitorias. Paralisadas no tempo, mesmo sendo fundamentais para o desenvolvimento e o crescimento da universidade. Na FMTM esse tipo de prática, ou melhor, de ausência de prática prejudicava os cursos de Medicina, Enfermagem e Biomedicina. O que diremos agora, com quase trinta cursos de graduação. As que funcionam, a fazem de forma precária, sem estrutura adequada e dentro do modelo de gestão extremamente centralizado. Essa fórmula chegou ao fim, se esgotou. Precisamos avançar. Precisamos que todas as Pró-Reitorias se dediquem efetivamente a construir a universidade.

Por sua vez, os institutos criados em 2010, são outro exemplo da má condução administrativa da instituição. Não tem autonomia administrativa, tão pouco, financeira. Os institutos são, na prática, um ajuntamento de professores, cursos e departamentos. Hoje, apenas as verbas para diárias e passagens vão para os institutos. Essa verba além de insuficiente para atender à demanda, tem que ser solicitadas, por memorandos, ao reitor. Não ao diretor do instituto ou a um dos pró-reitores. Sem falar que temos um formulário próprio de requisição, mas a centralização é a norma na UFTM. Os institutos têm de ter uma autonomia real. Isso irá fortalecê-los, para que estes cumpram sua missão, prover os cursos e departamentos para que se desenvolvam.

Outras questões graves afligem a nossa instituição, entre elas, a situação dramática do Complexo Hospitalar, onde falta também um modelo de gestão, as condições de trabalho, ensino e pesquisa são precárias, não há um diálogo franco e aberto com a comunidade hospitalar. Na universidade como um todo faltam professores, técnicos-administrativos e estrutura física; a normatização da carga horária de trabalho dos professores nunca foi feita; há problemas no organograma e nos regulamentos da universidade; ocorrem atrasos no repasse dos auxílios da assistência estudantil; há um aumento gradativo das funções dos coordenadores de curso. Por fim, não há uma política cultural para a universidade e o preço do RU, recém inaugurado, já é um problema.

São muitos os desafios, por isso, defendemos uma mudança já! Uma alteração profunda na gestão da universidade, ela deve ser democrática, descentralizada e eficiente. As pró-Reitorias devem ser instrumentos de ação efetiva na construção de uma universidade de qualidade. Quanto mais autônomos forem os institutos, mais fortes serão os cursos e os departamentos. Estamos chegando na hora da decisão. Que universidade queremos? O continuísmo da centralização e da ineficiência? Ou iremos consolidar esta universidade, completar a transição necessária da faculdade para universidade. Unir a tradição de pesquisa e compromisso histórico dos cursos oriundos da FMTM, com a força e a disposição dos cursos novos da UFTM, potencializando e liberando a energia criativa e realizadora de todos, com organização, dedicação e autonomia.

Dia 21, vote chapa 1. Vote para mudar. A Esperança somos todos nós. A UFTM Somos Todos Nós. Fábio Reitor e Laura Vice.

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