quinta-feira, 22 de maio de 2014

Estamos apenas no início!

Tito Flávio Bellini
Professor Adjunto - Departamento de História

Sai um pouco antes da contagem final dos votos dos estudantes, quase por exaustão física. Chegando em casa, não tinha condições de dormir.

O registro em papel dos momentos que testemunhara instantes atrás deveria acontecer antes que eu me preocupasse com os afazeres do cotidiano.

Enquanto uma câmera filmava a sucessão de cédulas sobre a mesa apuradora, Fábio respirou fundo, trocou algumas palavras comigo e então se dirigiu à candidata inevitavelmente àquele momento vitoriosa nas urnas.

O gesto, tão comum, quase protocolar em disputas políticas, poderia ter sido apenas mais um dentre tantos como esse.

Mas com ele, naquele instante, isso adquiria um sentido muito mais profundo, digno, altivo, ético. Ladeado por outros que não lutaram com ele e por nós, proferiu um breve e lindo discurso, reforçando as convicções e motivações que nos levaram coletivamente até ali, reafirmando nossos compromissos com a universidade e com a sociedade.

Parte do público, atônito e em silêncio, refletia. Outra grande parte, emocionada, vertia lágrimas e soluços, fitando aquele gesto que só quem tem grandeza e humildade é capaz. Alguns poucos ainda menosprezavam com o olhar aquele gesto de humanidade e alteridade, imbuídos ainda de rancor, preconceito e arrogância.

Não há registro sonoro e fotográfico desse momento. Apenas as testemunhas naquele pequeno auditório poderão descrever um dia essa cena.

Após seu breve discurso, Fábio deixou ainda mais belo aquele gesto, ao cumprimentar a todos que estavam presentes, um por um, independente da cor da camisa que vestiam. Começando pelos que venceram nas urnas, para logo em seguida se dirigir aos nossos colegas, companheiros, militantes, amigos, num êxtase de emoção.

Junto aos seus, incansáveis lutadores de ombro, encontrou o reconhecimento e acolhimento, entre longos e emocionados abraços, palavras de agradecimento e esperança.

Ao fim, foi escoltado para fora do auditório, e o público proclamou em coro:

“Minha mãe cozinhava exatamente...
Arroz,
Feijão-Roxinho,
Molho de Batatinhas.
Mas cantava!”

Após um abraço coletivo, vimos esse lutador que ousou nos representar tão bem cair aos prantos e sair lentamente, de braço erguido, deixando todos nós entre os soluços, sonhos, divagações e a alegria de termos travado um bom combate.

Ficou a certeza de que, independente do resultado das urnas, fomos, somos e seremos vitoriosos por carregar em cada um de nós a coerência necessária para seguir adiante, de cabeça erguida e a certeza de uma missão cumprida e de que há muito ainda a fazer para que de fato a UFTM seja de todos nós!

Valeu Fábio. Valeu Laura! Valeu a todos que lutaram!

Estamos apenas no início!

Uberaba, 22 de maio de 2014.

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